Djonga expõe as próprias contradições em seu quinto disco, intitulado Nu

Djonga expõe as próprias contradições em seu quinto disco, intitulado Nu

“Todo artista está sempre pelado, mostrando todas as suas contradições”. Essa é uma das explicações que Djonga dá para o título do seu quinto disco, Nu. O nome do novo trabalho, que chegou em todas as plataformas digitais no dia 13 de março (assim como aconteceu com todos os anteriores), também remete à expressão mineira que o batiza.

“A cada música que eu terminava, eu soltava um  ‘nuuuu’, como uma forma de alívio, mas também pela sensação de ter achado o resultado muito foda”, diz o artista.

Nu é resultado de um dos anos mais sinistros vividos pelo rapper mineiro. Traz tudo o que ficou acumulado dentro dele durante o período  de isolamento social e digital (ele optou por deletar o seu Twitter e sair das redes sociais). Mais introspectivo, ele traz muito do Djonga do Heresia, seu disco de estreia, e relata ao longo de oito faixas como o vazio lhe pegou em cheio. “Queria falar do que estava sentindo. Mas acredito que o ser humano é muito parecido na essência, então, talvez, as pessoas se identifiquem também”, afirma.

“Nós” é o ponto de partida de Nu, com beats de Nagalli e Coyote Beatz. A faixa funciona como um último grito do disco Histórias da Minha Área, lançado em março de 2020. “Ó Quem Chega” é um recado pros vacilões, enquanto “Xapralá” surgiu da necessidade que o artista sentiu de fugir de si para se encontrar.

“Essa é uma das minhas favoritas, era tanto sentimento que eu nem fiquei pensando em punchline”, comenta o  rapper sobre a faixa que traz beats do MDN Beatz.

“Me Dá a Mão” é um pedido de socorro sonorizado em formato de lovesong. Mostra os muitos Djongas vivos e possíveis dentro do corpo de Gustavo Pereira Marques – alguns serão aclamados, outros nem tanto.

“Vírgula” marca o meio do percurso de Nu, além de ser um ponto de virada do álbum. “O sentimento é de que graças a Deus num teve ponto final pra mim e pros meus. Nós respiramos”, fala o artista.

“Ricô” é uma interrupção no processo de Djonga. A música traz a participação de Doug Now. “Ele é o melhor MC de BH. Pode dar print aí, ele tá vindo… Vamos lançar coisas dele em breve”, promete Djonga.

Com Thiago Braga e Budah, “Dá pra Ser” é um hitzinho que resulta do discurso de “Me Dá a Mão”. O pedido de socorro atendido abre possibilidades incontáveis e mais leves: “a vida é uma folha branca,  a história nós monta”.

“Eu” encerra Nu e trata-se da faixa que resume o trabalho inteiro. Não à toa, foi a primeira que Djonga compôs. A música em que o menino que queria ser Deus se revela humano e complexo demais em sua completude, algo que ele compreendeu, mas um assunto que, talvez, a turma do dedo apontado não esteja disposta  a  conversar.

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