Uma cidade de sensações chamada Universo Paralello

Uma cidade de sensações chamada Universo Paralello

Encontros e desencontros. Sanidade e loucura. Mata e Mar. Um misto de sensações e vivências que transformam a MENTE e a percepção de vida de qualquer um que se entregue a sentir o mundo chamado UNIVERSO PARALELLO.

O próprio nome já traduz muito do que é um festival com mais de 20 mil pessoas no “meio do nada”, em uma praia distante dos principais polos turísticos da Bahia, banhada por águas quentes, propícias a banhos intermináveis a qualquer horário do dia.

A Praia de Pratigi na cidade de Ituberá-Ba, na região conhecida como Costa do Dendê, com uma vegetação rica em uma zona pouca explorada e de difícil acesso, tornam a aventura uma verdadeira odisséia – VERÃO E AXÉ.

Já se passaram quase duas semanas e as pulseiras de acesso ao evento ainda continuam no braço para lembrar os momentos vividos na décima quinta edição do UP, uma celebração pelos 20 anos do festival.

Muitos ainda pensam que o Universo Paralello é somente eletrônico. Enganados por completo, bobinhos!

Uma cidade é construída para receber artistas do mundo inteiro, que chegam trazendo a sua arte nos mais diversos segmentos, afinal de contas foram sete palcos oficiais e mais três autônomos que fizeram a alegria nos 8 dias de evento.

Música o tempo inteiro. Oficinas Gastronômicas, imersões de Reike e práticas hare krishna, meditação, massagens terapêuticas, Aula de dança africana, curso de pirofagia e malabares, feirinhas de artesanato, curso de roupa de led, incensos naturais, cinema e atividades recreativas para a criançada e muito mais.

Pense aí que Caetano Veloso foi o responsável por abrir o PALCO PARALELLO em um show que deixou a todos silenciados ao contemplar a beleza de uma apresentação acústica em frente ao mar.

Daí em diante só foi pedrada e uma diversidade de encontros que deixou a todos atônitos, sem saber o que mais agradaria, fazendo com que os corpos fossem atraídos pelos desejos do instante.

No Universo não existe de mandar what’s para encontrar o amigo A no palco do Main Floor ou curtir o Dj X no Tortuga. Ou melhor, até acontece! Mas o gostoso é se deixar ser levado pelo som e anseios do presente. O futuro, assim como as horas e os dias, são esquecidos.

Sinal de internet até rola para algumas operadoras em alguns pontos, ou se tiver muita necessidade existem pontos de acesso à internet – pago – para se conectar com o mundo externo. Mas se liga: ” Esquece o externo e viva o Universo.”

Se desconectar e buscar encontrar em si respostas para questões até então difíceis de compreensão e quebrar os tabus, lá com certeza terá esse lugar de imersão.

Chega um momento que somos guiados pela liberdade e fluidez dos encontros e conexões que são estabelecidas com os amigos antigos e os novos, que vamos conhecendo na caminhada.

Uran e Rafael / Picadeiro

Meu segundo Universo e só queria encontrar os meus irmãos PRETOS e saber por onde andavam no festival.

É perceptível que era um festival caro e que a grande maioria dos frequentadores eram brancos vindos dos quatro cantos do mundo.

Os PRETOS presentes estavam ali trabalhando, fazendo serviços de limpeza, colocando sombra nas barracas, cuidando das portarias, fazendo segurança nos bares…

Mas, eu estava com o meu bonde, seguido por meus irmãos na procura pelos palcos que nos representasse, tanto pela musicalidade, quanto essência e acima de tudo COR.

Todos os dias foram especiais e cheios de surpresas. Foi lindo no TORTUGA- meu canto especial no festival- ouvir o som de KL Jay recebendo Dexter, um mito do rap nacional, com músicas que falam do povo preto favelado, carente de espaços e a necessidade de ocuparmos locais negados a nós.

 

Sentir a batida de Zila, Telefunksoul e Zimba, dois baianos arretados que mostraram em seus sets toda nossa baianidade em remix que misturavam a essência da música dos blocos afro tradicionais como Ilê ao moderno som do Àttooxxá e Afrocidade.

Seguindo os encontros, vieram Os Gilsons que impressionaram com repertório autoral e raiz, com base no samba-reggae mostrando outras possibilidades na música produzida hoje com base no velho.

Luedji Luna chegou grandona, acompanhada do dj e rappers convidados, elevou seu som em sintonias inexplicáveis, tendo no discurso preciso de uma mulher preta e nordestina, que morou e encontrou em Sampa seu momento ao sol e a oportunidade de levar ao mundo o seu grito. Lembrando em seu discurso que os PRETOS estão VIVOS.

Rincon Sapiência e Lourena foram outros bons exemplos de que o poder preto se fez presente e que muitas conquistas foram alcançadas.

Não existe uma explicação consistente do que é o Universo Paralello. É sim SENTIR, VIVER e deixar que o som te guie.
Se prepara e se joga para experimentar pelo menos uma vez esse UNIVERSO e se entregar a todas essas sensações e tudo que for possível.