quinta-feira, 25 abril 2024
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Rafael Brito

“Que o silêncio seja tempo para sentir, maturar, transformar …”, este é um dos trechos do experimento performativo “Ebó para o HIV”, do performer e artivista soropositHIVo Rafael Brito, a ser apresentado nessa quinta, dia 25 de maio, às 19h, no Teatro Experimental, da Escola de Dança da UFBA.

O ato, de coragem para exposição de um corpo HIV+, faz parte do processo criativo de espetáculo solo a estrear no segundo semestre. “‘Não sei porquê, mas meu corpo pede que eu fale, sabe?’. Este é outro trecho deste marco criativo. Há muito anos meu corpo vibra em pedido a fala e que se coloque em estado performativo de afirmação de vida. Não é somente um projeto que fala sobre HIV, mas sobre um corpo gay vivente com este vírus e quais os desdobramentos a partir do diagnóstico”, conta o performer.

26 de maio de 2015. Uma sala pequena: ‘Teve alguma exposição?’. A enfermeira perguntava a Rafael Brito. Impetuoso, responde: ‘Deu positivo?’. Ela: ‘Infelizmente, aponta Reagente para HIV’. ‘Como vou contar às pessoas?’, pensa alto. “Diante desta pergunta, que muito me amedrontou, o tempo resignificou e fortalecido decidi expor minha trajetória como HIV+ Indetectável em cena. O que falar? Como falar? Preciso contar?”, explica o performer.

Este experimento performativo, com direção de Thiago Romero – vencedor do prêmio Braskem de Teatro, com os espetáculos NAU (2021) e Rebola (2016), além de outras indicações como diretor e cenógrafo – fricciona a biografia soropositHIVa de Rafael Brito com a de alguns outros pares de sorologia, para debater estigmas sociais, medos e desconfortos, a solidão destes corpos, os cuidados com a saúde física e mental, e o reencontro de si a partir da espiritualidade afrodiaspórica.

Rafael Brito fala de “Nzazi”, nkisi que rege o seu Ori, e o encontro ancestral pós-diagnóstico, o mergulho espelho de si. “É importante destacar que, o ato performativo é um experimento cênico ritualístico de preparo para o ebó de Cura, que é o espetáculo a estrear no segundo semestre. Depois de vivenciar um ciclo infinito para afirmação de vida, oito anos se passaram e fortalecido sinto-me capaz de ajudar outros pares a partir da minha história, suscitar discussões”, descreve Rafael Brito.

Conforme citado acima, “Ebó para o HIV” é o primeiro ato, um marco temporal, que resultará no solo Reagente: Ebó para o HIV, título que também nomeia um grande projeto com exposição e intercâmbios positHIVos com artistas, especialistas e corpos viventes com HIV e Aids. Rafael Brito atualmente integra o CORRE Coletivo Cênico, grupo que pesquisa artisticamente a construção identitária de homens gays.

A criação dramatúrgica do experimento performativo e do solo Reagente: Ebó para o HIV, é uma parceria de Rafael Brito e Ramon Fontes, bixa preta positHIVa há 08 anos e artista em processo. No desenho performativo de iluminação, Luiz Antônio Sena Jr., que há cerca de 06 anos desenvolve pesquisas artísticas acerca do HIV, que trará uma geometria iluminadora que amplifica sentimentos e trajetórias do performer em cena.

A equipe conta ainda com o musicista Felipe Mimoso (indicado ao Prêmio Braskem de Teatro 2022 pelo espetáculo Nau, na categoria direção musical), que assinará a direção musical ritualística, com toques ancestrais dos Nkisis/Orixás permeados com a musicalidade eletrônica contemporânea. A produção executiva é de Rafael Brito e Bergson Nunes.


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