sexta-feira, 29 março 2024
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Babilônia

Foto: Reprodução

A estreia da novela das 21h da Rede Globo, Babilônia, deu o que falar essa semana. Em apenas um capítulo, o folhetim reuniu o que há de pior no ser humano – inveja, ódio e rancor-, ao sentimento mais belo que podemos produzir: amor. Mas, estranhamente, não foram os sentimentos mais vis que criaram grande repercussão na imprensa e nas redes sociais. O beijo protagonizado entre as personagens das atrizes Fernanda Montenegro e Nathália Timberg causou em alguns telespectadores o mesmo ódio e rancor que as artimanhas das vilãs vividas pelas brilhantes atrizes Glória Pires e Adriana Esteves. Em contrapartida, uma parcela da audiência da novela vibrou com a cena, considerada antológica pelos críticos de televisão.

Há duas décadas, em A Próxima Vítima (Rede Globo, 1995) lamentamos a abordagem da homossexualidade e o desfecho dos personagens vividos por André Gonçalves e Luigi Palhares. Antes disso, em Vale Tudo (1988), as atrizes Cristina Prochaska e Lala Deheinzelin davam o primeiro passo, ainda que lento, para que hoje, em 2015, aquela pergunta “Vai ter beijo?” já tenha sido respondida na largada.

Mas por que algumas pessoas receberam a cena como maus olhos? A resposta pode ser dupla. É a primeira vez que a homossexualidade na terceira idade é abordada na TV, em horário nobre e, por fim, líderes religiosos e políticos com seus discursos vazios de sentido que, querem colocar suas verdades goela abaixo da população. Tanto que propuseram um boicote ao folhetim. Incluam aí na lista o senador Magno Malta, investigado na operação Sanguessuga, e claro, o deputado federal Jair Bolsonaro, declaradamente contra as liberdades democráticas. Avaliem quanto tempo esses gestores públicos perdem com a ficção. O direito de discordar é legítimo. O poder de não acompanhar a novela está nas mãos do telespectador. O controle remoto, aparelho cheio de teclas quem vem junto com a televisão, lhe confere esse direito.

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O que está em questão, é o fato de esses “representantes do povo” se julgarem guardiões da “Família Brasileira”. Não, eles não representam a família brasileira, pois estes não sabem quem ela é, quais suas cores e suas dores. Coincidentemente, nessa semana um acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STF) reconheceu o direito à adoção e denomina casais homoafetivos como família. Ou seja, os políticos fecham os olhos, ignoram os anseios da sociedade. Assim como ignoram que uma grande parcela da população vive sem saneamento básico, uma gente invisível, que esses políticos fingem não existir, num país em que, apesar da riqueza que produz (a corrupção da Petrobras é prova disso), figura entre os que possuem os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Acontece que obras e projetos significativos não lhes dão a repercussão midiática que tanto buscam. Convocar seus rebanhos para fazer boicote às novelas da Rede Globo é fácil. Difícil mesmo é propor projetos significativos e que tragam melhorias na qualidade de vida dos seus seguidores.

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*Toda sexta-feira tem artigo novo aqui.

Foto: Reprodução

Quando um ator participa de um teste ele dá tudo de si na perspectiva de conseguir o papel. No caminho, o desafio de se mostrar mais bem preparado do que os outros colegas que concorrem ao personagem. Ao final, quando o resultado é positivo a sensação de dever cumprido é indescritível. Foi assim com o baiano Val Perré, quando recebeu a ligação do produtor de elenco da novela Babilônia, da Rede Globo. Com quase duas décadas de carreira e muitos trabalhos no currículo, ele estava gravando um vídeo institucional numa produtora, quando o celular tocou com a boa notícia. Por telefone, do Rio de Janeiro, cidade que reside desde 2007, ele conversou com o SiteUR e falou um pouco do novo trabalho.

Foto: Divulgação/Felipe O'Neill
Foto: Felipe O’Neill/Divulgação

As cenas no primeiro capítulo do folhetim das 21 horas exibidas na segunda (16) que renderam comentários elogiosos ao seu personagem, teve direito a uma sequência de sexo e nudez com a ninfomaníaca Beatriz, vivida pela atriz Glória Pires. “O Cristóvão aparece e morre no primeiro capítulo. Ele dá seu recado e sai de cena. No entanto, é uma ausência presença, porque será lembrado sempre. Ele é o elo entre as três principais personagens da novela”, explica orgulhoso, ao falar da atuação ao lado das amantes Beatriz (Glória Pires) e Inês (Cláudia Abreu) e da filha Regina Rocha (Camila Pitanga). “Bendito sou entre as mulheres”, se diverte.

É a partir da morte de Cristóvão que se inicia o primeiro conflito na novela. Na trama de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, o motorista é assassinado por Beatriz. Para ele, o trabalho teve um gostinho pra lá de especial. “Trabalhar com grandes estrelas da televisão é como jogar bola com Pelé. É muito fácil. Mas a gente não pode deixar de lado a dedicação, empenho e o amor à arte”, completa.

 

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Os olhos mais atentos vão lembrar-se do ator em outros trabalhos na TV. No ano passado interpretou um segurança sedutor em “O Rebu”, também protagonizando cenas quentes com Vera Holtz. O ator também fez participação em “Insensato Coração” (2011), “Ti Ti Ti” (2011), “O Relógio da Aventura” (2011), “Viver a vida” (2009/2010), “Amazônia de Galvez a Chico Mendes” (2006), “Desejo proibido” (2008), “Força Tarefa” (2008/2009), “Faça sua História” (2008) e “Guerra e Paz”, todos pela TV Globo.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Nos palcos baianos Perré coleciona trabalhos significativos, desde a época do Curso Livre de Teatro na Universidade Federal da Bahia. Atuou em “O Cortiço” (2011), “Ogum Deus e Homem” (2010), “O Baile” (2009), “O Beijo no Asfalto” (2003), “Eqquus” (1997), “O sonho” (1996), dentre outros e fala com saudade desses trabalhos. “Ogum foi um espetáculo em que eu tive um imenso prazer em participar. Lotávamos o teatro Martim Gonçalves três horas antes do início do espetáculo. Foi uma temporada sensacional e espero voltar com essa peça”, comemora.

 

O ator no espetáculo "Ogum Deus e Homem". Foto: Divulgação
O ator no espetáculo “Ogum Deus e Homem”. Foto: Vitor Villar/Divulgação

Mas antes de comemorar tantos trabalhos a dificuldade foi grande até se firmar no Rio de Janeiro. A distância dos filhos baianos, Tássio (18) e Yuri (15), era amenizada pela presença da filha carioca, Júlia (09). A ajuda da amiga e atriz Neuza Borges também foi essencial. “Quando decidi morar no Rio a Neusa me acolheu no apartamento dela por um tempo. Sou muito grato”, comenta. Perré cita, ainda, alguns profissionais que foram importantes na sua carreira como os professores Celso Júnior e Paulo Cunha, Meran Vargens, Iami Rebouças e as diretoras Fernanda Júlia e Carmen Paternostro, entre outros. Se tudo der certo nos planos do ator, já, já vamos vê-lo na telona e num voo solo no palco.

 

 


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