NÓS, ENTRE NÓS E AS TECITURAS DA ALMA por Lucas Lemos

NÓS, ENTRE NÓS E AS TECITURAS DA ALMA por Lucas Lemos

Em cartaz até o dia 31 de agosto no Hall da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe em Sâo Cristovão a mostra “Nós, entre Nós – e as tecituras da alma” do arquiteto e artista plástico Lucas Lemos.

“A exposição é uma frente, um fragmento poético daquilo que eu já faço diariamente nas minhas narrativas. Eu tenho uma marca com couro legítimo, então eu produzo calçados, mobiliários e acessórios para decoração, artefatos, vestimentas e as obras de arte tem sido um caminho que eu tenho tocado, muito conta pelas artes plásticas e por ser arquiteto, juntando essas duas frentes e começando a ocupar lugares a partir dessas exposições“ contou Lucas ao Site Uran.

“Estou expondo o coração enquanto expressão máxima, potente e de subjetivas de interpretações, onde pego o fio da meada que é a minha avó enquanto doadora do afeto, ela que me inspirou. Ela tem uma máquina de costura em casa e nela uma correia de couro que fazia com que a maquina costurasse no rolamento da máquina e assim desde criança eu tenho essa memória afetiva e aí eu acabo bebendo dessa fonte e criando esses corações“ lembrou carinhosamente o artista que recebeu carinhosamente o convite do professor Fernando Aguiar que assina a curadoria e o texto de apresentação da mostra.

​“Nós”: substantivo masculino plural. Laços apertados, vínculos, estorvo, enredo, podendo ser empreendido de diversas formas: nó de correr, volta do fiador, de mula, botão de rosa, nó de guia, nó de pescador, nó de anel, nó de ribeira, nó de fiel. Trama, cujos fios se entrelaçam, gerando formas, movimentos, plasticidade. O traquejo de mãos entre o emaranhado dos fios e o urdimento que a partir dos movimentos longitudinais ou, até mesmo, irregulares, repetitivos ou não, geram o ato criativo, a técnica, o saber, o fazer, a obra… a arte.

Arte que envolve a metáfora do nós entre nós –  emaranhado de fios e tiras –  e que também, na condição de proposição, situação de espaço, de tempo, reverbera o limite entre a revelação e o segredo, o afeto e o seu oposto, o “corazonar” enquanto afetividade, o conhecimento, o intelecto, a humanização do saber comprometida com as formas de bem viver, espiritualidade, ternura. (Arias, Patricio Guerrero. 2010).

Nesse sentido, a proposta da exposição “Nós, entre nós” consiste em apresentar um fragmento poético da trajetória do artista Lucas Lemos, a partir de sua obra, cuja base de formulação é o couro legítimo: o coração. 

Nela, o artista desenvolve um enredo com evolução constituída a partir de nove atos, fragmentos da diversidade de sentidos e emoções, na busca de tornar sutil a leitura de sua arte e envolver ainda mais o público com os acervos expostos, tornando possível a partir da extroversão e de olhares plurais a construção de novas narrativas. 

Mais que isso, o artista permite aos visitantes o acesso à sua maior intimidade – uma imersão àssuas memórias afetivas – desde a roda de cinto de ferro e a  base de esteira, protetor de cinto da antiga máquina de costura de pedal, onde  sua avó, detentora de saberes e fazeres, bordava, perpassando a relação de  como a  correia  de  couro  da  máquina  e  os  bordados  serviram  de base  para a construção de sua arte.

Nas celebrações dos 55 anos de instalação da UFS, o artista celebra “corazonando” gratidão e o reconhecimento da relevância social desta egrégia instituição como coração pulsante para o desenvolvimento, o progresso, a transformação, a equidade e a justiça social de Sergipe e da nossa gente ao  longo das gerações.  ​

Cidade Universitária prof. José Aloísio de Campos, Agosto de 2023;