Menopausa precoce afeta 1% das mulheres com menos de 40 anos, compromete fertilidade e saúde geral

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Cerca de 1% das mulheres com menos de 40 anos enfrentam um diagnóstico que muda completamente sua relação com o próprio corpo: a menopausa precoce, também conhecida como insuficiência ovariana prematura. Em números absolutos, isso representa aproximadamente 15 milhões de mulheres no mundo — e uma estimativa de 400 a 600 mil brasileiras afetadas em idade reprodutiva. Embora rara, a condição tem repercussões significativas na saúde física, emocional e reprodutiva, comprometendo a fertilidade, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, reduzindo a densidade óssea e podendo estar associada a alterações autoimunes. A menopausa precoce ocorre quando os ovários deixam de funcionar antes do esperado, levando à queda nos níveis hormonais, principalmente o estrogênio, e à interrupção da ovulação. “A avaliação da reserva ovariana e o diagnóstico precoce permitem traçar estratégias personalizadas para preservar ou recuperar a fertilidade, nesses casos. Mesmo diante de um quadro de menopausa precoce, ainda existem possibilidades para quem deseja engravidar”, explica o Dr. Agnaldo Viana, do IVI Salvador.

A menopausa precoce produz sintomas similares aos da menopausa natural, como ondas de calor, ressecamento vaginal, alterações de humor e ciclos menstruais irregulares. Em alguns casos, o primeiro sinal é a ausência repentina da menstruação. Para mulheres em idade reprodutiva, o impacto do diagnóstico costuma ser profundo, especialmente quando existe o desejo de engravidar. A causa da menopausa precoce pode estar relacionada a fatores genéticos, doenças autoimunes, cirurgias ginecológicas, tratamentos oncológicos (como quimioterapia e radioterapia) ou exposição a substâncias tóxicas. Entretanto, em até 90% dos casos, não se identifica uma causa específica — o que caracteriza a condição como idiopática. Estudos indicam que mulheres com insuficiência ovariana prematura têm risco até três vezes maior de desenvolver doenças autoimunes, como lúpus, diabetes tipo 1, entre outros.

A endometriose, por sua vez, não é considerada uma causa direta de menopausa precoce, mas pode influenciar a função ovariana. Isso ocorre especialmente quando o tratamento envolve cirurgias nos ovários ou o uso prolongado de medicamentos que suprimem a produção hormonal. Por isso, o acompanhamento em clínicas especializadas é fundamental para avaliar riscos e preservar a fertilidade sempre que possível.

A consequência nas mulheres que são detectadas, portanto, com a menopausa precoce, é a baixa da reserva ovariana, que corresponde à quantidade e à qualidade dos óvulos disponíveis nos ovários. Exames como dosagem de hormônio antimülleriano (AMH), FSH e a ultrassonografia transvaginal auxiliam no diagnóstico. Estima-se que apenas entre 5% e 10% das mulheres com menopausa precoce consigam engravidar espontaneamente. Nos demais casos, são indicados tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), sobretudo com o uso da ovodoação.

Nesse caso, os óvulos de uma doadora jovem e saudável são fertilizados em laboratório e os embriões formados são transferidos para o útero da receptora. A prática é regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina e apresenta altas taxas de sucesso, permitindo que muitas mulheres realizem o sonho da maternidade mesmo após o diagnóstico de menopausa precoce. Apesar de pouco discutida, a menopausa precoce precisa ser encarada como um alerta de saúde. Quando diagnosticada precocemente, há mais possibilidades de intervenção — seja por meio do congelamento de óvulos, da adoção de técnicas de reprodução assistida ou do início da reposição hormonal.

Sobre o IVI – RMANJ

IVI nasceu em 1990 como a primeira instituição médica na Espanha especializada inteiramente em reprodução humana. Atualmente são em torno de 190 clínicas em 15 países e 7 centros de pesquisa em todo o mundo, sendo líder em Medicina Reprodutiva e o maior grupo de reprodução humana do mundo.