Mal invisível tem estreia nessa quinta, dia 10 no Teatro Vila Velha

Mal invisível tem estreia nessa quinta, dia 10 no Teatro Vila Velha

Adaptação fala sobre degradação das relações humanas, sociais e ambientais. Os ensaios foram realizados na Comunidade Solar do Unhão, seguindo a linha de pesquisa do encenador Marcelo Sousa Brito, de ocupar a cidade com arte.

O ator e diretor teatral Marcelo Sousa Brito e a equipe do Coletivo Cruéis Tentadores ajustam os últimos preparativos para estreia do espetáculo Mal invisível, marcada para hoje, dia 10 de outubro às 20h, no Teatro Vila Velha.

A curta temporada segue em cartaz sextas e sábados 20h e domingos 19h, até dia 27, com ingressos no valor de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

O projeto faz parte de uma longa pesquisa do encenador iniciada em Paris em 2002, ao conhecer a obra La supplication, da autora bielorrussa Svetlana Alexievitch, que fala das vítimas de contaminação radioativa em Chernobyl.  Prêmio Nobel de Literatura em 2016 e homenageada na Festa Literária Internacional de Paraty no mesmo ano, a escritora começa a ter seus livros traduzidos no Brasil.

Foi a atualidade dessa obra que fez Brito construir uma dramaturgia forte, que traz também dados, relatos e informações de canais de notícias, além de passagens do livro “Holocausto brasileiro”, da autora Daniela Arbex, como fonte de pesquisa para a escrita do texto, potencializando as histórias de males muitas vezes silenciados, mas densos da trajetória humana.  

Em 2009, Brito passou uma temporada de pesquisa em Berlin,convivendo com ativistas e frequentando lugares destruídos por conflitos ambientais e sociais. Em 2015 ele retorna a Paris, dessa vez para presenciar o silêncio e a invisibilidade de corpos estrangeiros na parte subterrânea do metrô.

Agora, em 2019, a convite do Teatro Vila Velha, o encenador dribla as dificuldades por falta de patrocínio e decide que é o momento de tocar nessa ferida, que está cada vez mais próxima de nós: o mal que o ser humano causa a si mesmo ao se colocar no lugar de prioridade.

Para isso o diretor reuniu uma equipe de artistas que está, desde março deste ano, dividindo o espaço de criação juntamente com os moradores da Comunidade do Solar do Unhão. Ali, é possível ouvir o grito dos invisibilizados pela sociedade e fazer com que a comunidade ouça o clamor de artistas-personagens que querem problematizar nossa estadia na Terra e pensar o que será das civilizações futuras. Qual é a nossa real responsabilidade para com o mundo onde vivemos?” – questiona Brito.

Os ensaios são sempre repletos de emoção e questionamentos a cada dia, sobre cada acontecimento noticiado pela imprensa. Não se pode falar do cotidiano, da vida real, sem vivê-la, preso em salas de ensaio. Meu desejo é que o elenco viva na pele as dores e delícias das personagens e para isso é comum ensaiar comchuva, sol, crianças, moradores de rua, moradores locais, que esperam socorro diante de um desabamento de terra; a mãe aflita aguardando ambulância para socorrer filho afogado, a polícia em busca de chefe de tráfico e por aí seguimos nos alimentando até o dia da estreia” – destaca.

Sobre Marcelo _Os trabalhos do diretor e autor Marcelo Sousa Brito, que realiza estágio de pós-doutorado em Artes Cênicas pela Ufba, com dois livros lançados em seu Mestrado (O Teatro Invadindo a Cidade – 2012) e Doutorado (O Teatro que Corre nas Vias – 2017), já percorreram cidades do interior baiano, do Brasil e da Europa, sempre com um traço performático diferenciado em relação ao meio. Sua peça de graduação também, Guilda (2006), ganhou o prêmio Braskem de Teatro na categoria Revelação.

Agora ele se une a artistas experientes como Márcia Andrade(“Em Família), José Carlos Jr (“Compadre de Ogum”), Irema Santos, Nilson Rocha (“A Bofetada”), Paulo Paiva e Saulo Robledo, para sua nova estreia. A ideia vem sendo amadurecida nos últimos anos para debater a responsabilidade humana com o planeta e ganhou força com o convite de Márcio Meirelles para que a estreia acontecesse no Teatro Vila Velha.

Vale ressaltar que a comunidade do Solar do Unhão está apoiando o espetáculo e os interessados terão acesso ao teatro na ocasião da estreia. Outro ponto é que Marcelo volta com uma proposta pessoal forte, em um teatro convencional, depois de mais de uma década sem realizar este perfil de obra em sua carreira.

Serviço:

O QUE: Mal Invisível – Coletivo Cruéis Tentadores, direção Marcelo Sousa Brito

QUANDO: 10/10 (única quinta da estreia – 20h) + 11, 12, 13, 18, 19, 20, 25, 26 e 27 de outubro de 2019 (sextas e sábados 20h edomingos 19h)

ONDE: Teatro Vila Velha – Passeio Público (Salvador)

QUANTO: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia com comprovante)

INFORMAÇÕES: (71- 98823-2787 Marcelo / 71- 98824-2978/99274 0136 Tatiane) https://www.facebook.com/crueis.tentadores

https://www.ingressorapido.com.br/event/31384-1/

Realização: Coletivo Cruéis Tentadores

Classificação: 16 anos

Ficha técnica:

Dramaturgia, direção e responsável pelo projeto: Marcelo Sousa Brito

Elenco: Márcia Andrade, Paulo Paiva, Irema Santos, José Carlos Jr., Nilson Rocha, Marcelo Sousa Brito, Saulo Robledo

Cenografia: Haroldo Garay

Figurino: Silverino Oju

Trilha sonora: Daniel Nepomuceno

Iluminação: Marcos Dedê

Fotos Saulo Robledo e  Tati Carcanhollo