Linn da Quebrada, Duquesa e Duda Beat no Festival Sangue Novo

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Com a valorização crescente do R&B, afrobeats, reggaeton, bluegrass e hip-hop no mercado fonográfico, uma nova geração de artistas está ocupando espaços antes marginalizados na cena musical brasileira. Parte desse fenômeno de valorização e expoente de nomes emergentes surgiu na assinatura de festivais alternativos, à exemplo do “Sangue Novo”, case de sucesso na região Nordeste e protagonista na projeção de novas sonoridades brasileiras.

A história dos festivais com vozes emergentes da música brasileira, no entanto, não é de agora. Desde sua origem, eles vão muito além do entretenimento: funcionam como ponte para artistas que desejam transformar suas vivências em música e dialogar com diferentes gerações. Importante para a formação musical de uma nação, os festivais tornam-se palcos de descobertas para vozes ainda marginalizadas e que buscam oportunidades para ampliarem a sua atuação.

Duquesa

É neste cenário de atenção ao ‘novo’ que surge o Festival Sangue Novo. Com o compromisso de visibilizar nomes ainda em formação, o festival resgatou a essência da diversidade e a renovação dos palcos nacionais, ao abrir palco em Salvador para diversos artistas dissidentes hoje no mainstream, a exemplo da cantora Linn da Quebrada, Rachel Reis, Jaloo e Hiran.

Gerando visibilidade e aproximando a nova geração da música com o público, o festival baiano possui um longo histórico de lançar artistas em momentos-chave da carreira. No caso de Duda Beat, autora do novo EP “Esse delírio Vol. 1” (2025) com mais de 1,7 milhões de ouvintes no Spotify, o palco do ‘Sanguinho’ garantiu que a artista pernambucana se apresentasse pela primeira vez em Salvador, caindo nas graças de um público fiel e apaixonado.

Redesenhando as redes de produção cultural, o “Sangue Novo” tem florescido com o recorde de consumo da música nacional em 2025, visto que 74% das streams on-demand no país são produzidas por artistas brasileiros, segundo a Luminate. Diante desse fenômeno, o festival incorporou a vasta valorização da cena local e nacional ao diversificar e promover uma cartela extensa de mais de 75 artistas nos palcos do Sanguinho.

Nele, já passaram nomes como Majur; Jota.pê; Os Garotin; Filipe Catto; Alice Caymmi; Xenia França; Marina Sena; Tássia Reis; Libre Ana; DJ Belle; DJ Errari; Karmaleoa; Lunna Montty; Maglore; Mariana Adayr; Academia da Berlinda; Joyce Alane; BK’; A Julia Costa; Banda Uó; Jadsa e João Meirelles; Jup do Bairro; Irmãs de Pau; Rico Dalasam; DJ Akani; Yan Cloud; FBC; Flora Matos; Tuyo; Bala Desejo; Anelis Assumpção; Livia Nery; Josyara; Larissa Luz; Tulipa Ruiz; MC Tha; Céu; além de outras 35 vozes, performers e DJ’s.

Chegando à sua sétima edição em 2025, com ingressos de meia-entrada esgotados sem a divulgação completa da line, o festival caiu no gosto do povo pela linguagem pluralista e experimentações autênticas. Referência em estrutura, visibilidade e curadoria, com o presente e futuro da música brasileira, o ‘Sanguinho’ se tornou um evento único que promove intercâmbios entre artistas, territórios, linguagens e gerações, rompendo fronteiras para além da Bahia.

Sob o olhar atento de curadoria e produção cultural de Fernanda Bezerra, o Sangue Novo já figura entre os principais motores da cena alternativa nacional. Prova disso é a recepção variada da cartela de artistas, composta por 40% de raízes baianas e outros 60% de outras regiões do país. Expoente cultural da diversidade, sua programação ainda se destaca pela line composta por 80% de artistas LGBTQIAPN+, mulheres e artistas pretos(as) e pardos(as).

Fernanda Bezerra

“Eu sempre digo que fortalecer pautas identitárias é um posicionamento político e artístico. A curadoria, em geral, parte da ideia de que representatividade importa. Nosso público (do Sangue Novo) é formado por pessoas que muitas vezes não se viam nos grandes palcos, e agora estão não só na plateia, mas também no palco, nas equipes e narrativas. Isso transforma a experiência, tornando-a mais diversa e acolhedora. ‘Quais vozes precisam ser ouvidas?’ ou ‘quem está fazendo movimentos interessantes fora dos grandes centros?’ Essas são algumas perguntas que sempre fazemos enquanto festival”, explica Fernanda.

Para a profissional, essa relação de confiança entre o público que acompanha o festival não vem somente da entrega de ‘bons shows’, mas por proporcionar uma experiência completa e positiva em toda a jornada do público. A troca positiva com baianos e turistas de todo Brasil, criou ambientes seguros para experimentação e prospecção de vozes emergentes, retomando a essência do que eram os festivais nacionais.

Ainda que o Brasil ocupe a 4º posição no streaming global da música, com 195 bilhões de faixas reproduzidas, segundo o relatório da Luminate em 2025, os artistas ainda enfrentam barreiras invisíveis que comprometem a revitalização e expansão da nova identidade musical brasileira. Inserida na renovação da cena musical, Fernanda explica que não se trata exclusivamente de ocupar o topo das playlists, mas sobre levar um discurso relevante e a construção artística que desafie o senso comum, à fim de gerar cases de sucesso entre vozes emergentes e festivais.

“Para mim, o ‘Sangue Novo’ é algo que carrega uma urgência, uma voz própria e a perspectiva que amplia o entendimento do que é a ‘música brasileira’ hoje. Buscamos artistas que verdadeiramente estejam criando elos constantes entre cena e território, tradição e inovação”, conclui a curadora.

Festival Sangue Novo – Ano VII: conheça as datas

Fortalecendo a nova identidade musical brasileira, o ‘Festival Sangue Novo 2025’ acontece nos dias 18 e 19 de outubro, no Trapiche Barnabé, em Salvador. Com uma programação que se desdobra em dois palcos, Palco Beats e Palco TIM , o festival tem capacidade média para comportar até 3 mil pessoas por dia. Até o momento, a line já conta com o retorno de Duda Beat a Salvador, além das vozes de Duquesa, Don L, 5 a Seco, Nação Zumbi, Ivyson, Linn da Quebrada, Catto, e mais surpresas chegando.

O Festival Sangue Novo – Ano VII é patrocinado pela TIM, pelo terceiro ano consecutivo, e pelo Governo do Estado, através da Fazcultura, da Secretaria de Cultura e da Secretaria da Fazenda.

Em mais uma edição, a TIM vai transformar o evento em uma grande celebração conectada, com reforço na sua rede 5G, ativações, assinatura do palco principal com apresentações especiais, e ainda um espaço de relaxamento, o “redário”, onde os visitantes podem descansar e recarregar seus smartphones.

Sobre Uran Rodrigues 10873 Artigos
Uran Rodrigues é um influente agitador cultural, promoter e idealizador do famoso baile O Pente (@opente_festa), além do projeto Sinta a Luz (@sinta.a.luz). Com uma carreira dedicada à promoção da diversidade cultural e artística, Uran conecta pessoas por meio de eventos que celebram a arte, a moda e a cultura preta. Seu trabalho busca não apenas entreter, mas também valorizar e dar visibilidade às potências culturais de Salvador e de outros estados do Brasil.