Larissa Luz , Luedji Luna e Xênia França no Trio Respeita as...

Larissa Luz , Luedji Luna e Xênia França no Trio Respeita as Minas na Barra

Xênia, Luedji e Larissa por Leto Carvalho

Pelo terceiro ano consecutivo, o Carnaval será palco da alegria, mas também do enfrentamento ao assédio sexual, frequente durante a festa. Idealizado pela Maré Produções Culturais e realizado em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres, o Trio Respeita As Minas chega pela primeira vez ao Circuito Barra Ondina, saindo no dia 01 de março, sexta-feira de Carnaval, ainda no início da festa para que sua mensagem possa reverberar ao longo da folia.

A música ficará por conta da cantora Larissa Luz, ao lado de Luedji Luna e Xênia França, no projeto Aya Bass, uma celebração do talento, da força e das vozes de mulheres negras.

A iniciativa coloca no centro do carnaval a discussão sobre o assédio sexual no carnaval, bem como a pluralidade de formas de violência contra a mulher que se dão no espaço da avenida.

Com a música carregada de mensagens contundentes, além de cartilhas, material gráfico e adesivos, a campanha se insere numa perspectiva de desnaturalizar práticas que tornam o corpo das mulheres como objeto ou propriedade do outro.

Este será o primeiro Carnaval em que está tipificado na constituição o crime de importunação sexual, demarcando que os toques inconvenientes, os beijos roubados e demais atos libidinosos sem consentimento poderão ser enquadrados como assédio.

Em setembro de 2018, o Superior Tribunal Federal – STF sancionou a lei e a partir de agora há uma definição exata de como o crime se configura e as punições previstas. Agora o respeito aos limites do corpo de mulheres não é apenas um bom senso, mas caso de justiça e um crime tipificado e definido pela Constituição Brasileira. Uma vitória do trabalho de mulheres em todo Brasil, que colocaram o tema no centro das discussões do Carnaval no país, nos últimos anos.

Tendo como Larissa Luz a anfitriã do trio e diretora artística, pelo Respeita As Minas já passaram nomes como Pitty, Karina Buhr, Tássia Reis e MC Carol. Em comum, as artistas convidadas têm a atuação comprometida com a luta pela igualdade de gênero e defesa dos direitos humanos.

Em 2019, o projeto mantém a característica de unir a dança, a celebração e a alegria com a conscientização sobre as situações de assédio e o cultivo de posturas amigáveis no ambiente da festa, onde há expressão da sexualidade e do afeto, sem precisar evocar o uso força ou causar constrangimento.

Na próxima quarta-feira, dia 27 de fevereiro, a partir das 14h, na Casa Mídia Ninja, a Maré e a SPM irão distribuir os kits da campanha, que envolve camiseta, adesivos, cartilha. Os kits virão dentro de uma pochete desenhada e estampada pela estilista baiana Karol Farias, numa colaboração com a T Camisetaria, que fez uma pesquisa a partir das obras de ilustradoras feministas contemporâneas e uma investigação em torno da marca do Respeite As Minas. Serão disponibilizadas 100 unidades do kit, sujeitos a esgotar.
Mulheres Negras – As cantoras Larissa Luz, Luedji Luna e Xenia França unem as suas belas e potentes vozes em um projeto inédito que celebra o poder das mulheres negras na música popular baiana, cuja estreia se deu no Festival Sangue Novo, em janeiro deste ano. Trata-se do Ayabass, nome que faz reverência ao termo yorubá Ayabas, que significa mãe rainha e designa às orixás femininas.
Expoentes da nova música baiana, as três artistas conquistaram espaço nacionalmente com um discurso e uma estética que abraçam o empoderamento feminino negro. Com os pés fincados nas raízes ancestrais, cada uma traz o arquétipo de uma yabá: Yansã, Oxum e Yemanjá, escolhidas para a narrativa. De acordo com Larissa Luz, diretora artística e musical do projeto, “o repertório pensado para o Respeita As Minas vai beber no canto de referências como Marcia Short, Alobened, Margareth Menezes, Virgínia Rodrigues, Mariene de Castro, Patrícia Gomes Jovelina Pérola Negra, Daúde, fazendo releituras que trazem à tona a cultura do grave”.
As três cantoras se intitularam com bom humor como Nordestinys’s Child, numa referência ao grupo Destiny’s Child, de onde a diva Beyoncé despontou ainda no final dos anos 90. E as homenagens também passam por lembrar hits do trio norte-americano. Então o público que acompanhar o trio pode se preparar também para dançar ao som de versões de obras de cantoras negras de diferentes lugares do mundo e do Brasil.

Ayabass quer reverenciar o poder das cantoras negras da Bahia e ressaltar o papel delas na construção de uma cena musical que sempre bateu de frente com o racismo estrutural da sociedade. Com timbres modernos e beats dançantes produzidos pelo guitarrista Ênio, o show tem direção artística e musical de Larissa Luz, que brilhou este ano no musical “Elza”, em homenagem à diva Elza Soares, e foi indicada ao Grammy Latino de 2016 de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa com “Território Conquistado”. A elegante Luedji Luna não cansa de conquistar corações e mentes desde que lançou o álbum “Um corpo no mundo”, em 2017, repleto de africanidade pop. Xênia França ganhou projeção como vocalista da banda paulista de candomblé funk Aláfia e agora brilha solo, tendo lançado o álbum “Xenia”, em 2017, com canções sobre feminismo e racismo.
Respeita As Minas – O Brasil ocupa o incômodo 5º lugar do mundo no ranking do feminício e de acordo com os dados da ONG Save The Children, é o pior país da América do Sul para ser menina, por conta dos maus índices ruins em todos os quesitos, como gravidez da adolescência, casamento infantil, baixa representatividade política e institucional. Esses dados não estão diretamente relacionados com o carnaval, mas sem dúvida que todo imaginário de que nesta festa tudo é permitido, deixa mulheres e meninas mais vulneráveis dentro da festa. Toda conscientização desencadeada pelas diversas campanhas sobre o assedio sexual no carnaval e desnaturalização das práticas de importunação sexual contribuíram para uma elevação em torno de 90% das denúncias no Disque 180.
Segundo dados do Instituto YouGov, 86% das mulheres brasileiras já sofreram assédio em espaço público e 44% já teve o corpo tocado sem consentimento, enquanto que 40% já foram seguidas nas ruas. Segundo dados de pesquisa do Instituto Avon, 56% dos homens entrevistados admitiram ter sido violentos com suas companheiras. Ainda a partir de dados apresentados na pesquisa, no Brasil, a cada quatro minutos uma mulher é vítima de violência no Brasil e a cada uma hora e meia, ocorre um feminicídio.
Em termos práticos, no Brasil, nem a rua é amistosa, nem o próprio lar. Ainda com dados apresentados pelo Instituto Avon, 500 mil mulheres no Brasil já sofreram agressões por homens, dos quais 31% destas mulheres ainda convivem com o agressor.
Utilidade Pública

Em caso de violência contra as mulheres, no circuito do Carnaval: caso se presencie ou tenha a notícia de qualquer tipo de violência contra as mulheres, a polícia deverá fazer contato com a Ronda Maria da Penha, via rádio ou pelo telefone institucional, que conduzirá os envolvidos para a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM).

Em caso de estupro: o Hospital da Mulher, recém-inaugurado pelo Governo do Estado, fará o atendimento de mulheres em situação de violência, oferecendo acolhimento, avaliação da equipe de saúde e medicamentos para evitar DST/AIDS e gravidez.

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM):
Rua Padre Luis Filgueiras, s/nº, Engenho Velho de Brotas
Salvador – BA – (71) 3116-7000

Rua Doutor Almeida s/n Periperi
Salvador – BA – ( 71) 31178217

Hospital da Mulher
Rua Barão de Cotegipe, 1153, Largo de Roma
Salvador – BA – (71) 3316-8600

Central de Atendimento à Mulher – tel : 180

Central de Atendimento da Polícia Militar – Tel: 190

VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES É CRIME