
O desejo de criar um projeto com foco em espiritualidade e investir em seu propósito foi o que levou a ex-executiva nacional do Grupo Bandeirantes, Luciana Dias Kritski, a entregar o cargo de direção da emissora e se mudar para uma cidade no interior da Paraíba. A profissional, com uma trajetória notável no audiovisual brasileiro, atuou por 30 anos no grupo de mídia paulista e hoje é, ao lado do sócio Edu Henscthel, o nome à frente da rádio web Paranormal Plus que, em dez meses, já chegou ao público de oito países e acumula o número de 221 mil ouvintes únicos.
A operação é dividida entre São Paulo e Bananeiras, cidade com cerca de 23 mil habitantes na Serra da Borborema, Paraíba, distante 141 km de João Pessoa, onde Luciana mora há cerca de 1 ano, depois de uma temporada de idas e vindas. Hoje são 73 comunicadores que fazem parte do projeto, em programas musicais e de entrevistas, com foco nos temas da espiritualidade. Além dos ouvintes no Brasil, a rádio alcançou o público nos Estados Unidos, Portugal, Suíça, Bélgica, Japão, Angola e Singapura.
No time, nomes como o do terapeuta, metafísico, comunicador e palestrante motivacional Marcelo Cotrim; o médico e Mestre em Ciências pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP, com foco em Neuroanatomia e Ultraestrutura Cerebral, amplamente reconhecido por suas pesquisas e palestras sobre a glândula pineal e a relação entre ciência e espiritualidade, Sérgio Felipe de Oliveira; e a terapeuta com formação em naturopatia holística pela Cenatho de Paris e licenciatura em Psicologia pela Paris VIII, Meire Yamaguchi.
“Em um cenário onde as referências e tendências ditavam o caminho, ousamos traçar o nosso próprio. Há menos de um ano, meu sócio e eu resolvemos nos tornar referência, não segui-las. Com essa visão, criamos e lançamos a Paranormal.PLUS , uma web rádio nichada em espiritualidade. O que nasceu de um propósito em um ano sabático, e a despeito da incompreensão inicial sobre sua relevância, transformou-se em um grande negócio. Em menos de 10 meses, expandimos nossa luz para oito países, e os números falam por si: já somamos 221 mil IDs – um testemunho do nosso alcance e impacto”, defende Lu Dias. “O mercado global de produtos e serviços espirituais já movimentava US$376 bilhões em 2024, com projeção de crescimento contínuo”, destaca.
Parte do sucesso do projeto se deve, claro, à história de Luciana na comunicação brasileira. Diretora Executiva de Arte e Criação da Band até o ano passado — quando ela entregou o cargo para se dedicar aos projetos audiovisuais autorais — ela é membro do ABCine, escritora e curadora de arte. Na rádio, ela criou e apresentou ao lado de Zeca Camargo, o programa “Replay”, em São Paulo, que estreou em 2021. A proposta era revisitar grandes momentos da cultura pop, moda, comportamento e notícias que marcaram época, com entrevistas, música e debates.
Outra marca consolidada nacionalmente tem o talento de Luciana por trás: Band Folia.
Ela é uma das criadoras do projeto e, anos mais tarde, foi a responsável por alterar logomarca, vinhetas, criar um novo modelo de troféu e assinar os cenários e campanhas do evento. Dias é responsável também pela identidade e cenografia dos debates da Band desde 2018, se tornando um dos personagens de um documentário lançado no Bandplay em 2024, que apresenta os bastidores do encontro entre o então presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente em exercício na época, Jair Bolsonaro, em 2022.
Também na emissora, assinou a criação das primeiras Salas Digitais do Google, YouTube e Band nos Debates, que deu início à parceria entre as plataformas e o jornalismo do grupo capitaneado na época por André Luiz Costa. Cineasta, é pioneira no ramo e atua desde 1993, data anterior à criação da ANCINE, marco importante para o cinema brasileiro. Na sua época, lembra, “o cinema ainda levava o peso de ser considerado uma arte marginal”.
Sua história profissional é marcada também pela relação com o Carnaval de Salvador. Em 1998 ela estreou na transmissão do projeto Band Folia na Bahia. Na época, sua carreira ainda era na frente das câmeras, apresentando o 7+7, programa diário que mostrava a diversidade da cultura baiana, com foco tanto em artistas consagrados como nos nomes novos na cena. “Éramos jovens, chegávamos antes aos trios e a regra era que a equipe que subisse primeiro, falava primeiro no ar. Aprendemos rápido e corríamos muito para segurar a entrada na avenida para as duas únicas câmeras que tínhamos em gruas por lá”, lembra.
Entendendo o potencial da exibição da festa para a TV, no mesmo ano ela seguiu para São Paulo para defender a ideia de uma transmissão nacional. Sem sucesso naquele momento, a semente foi plantada. Ao final do ano, Lu Dias Kritski partiu para um estágio fora do país e, na volta, soube que a emissora estava mirando no Carnaval de Salvador. “Fiquei mega feliz! Na época ainda como apresentadora, cheguei a participar de algumas apresentações do Band Folia”, destaca a diretora, que seguiu fortalecendo sua relação com o projeto e com o canal.
Sua história com a TV nacional é marcada ainda por uma diversidade de projetos na Bahia. O 7+7, apresentado por ela, foi criado com o irmão André Dias, e Cláudio Nogueira, antigo diretor da Band no estado. Ainda na capital baiana, conduziu matérias e programas para a TV Salvador.