
De volta ao Brasil, artistas comentam sobre o resultado da passagem por países africanos para divulgar literatura
O Coletivo Flipeba retornou ao Brasil após intensa agenda de atividades no continente africano. Formado pela escritora Manoela Ramos, o comunicador e escritor Lucas de Matos, e o agitador cultural Uran Rodrigues, o trio esteve em Joanesburgo e Maputo para lançamentos de livros, painéis temáticos sobre literatura, sarau e festa musical, entre os dias 14 e 18 de junho.
A convite do diplomata brasileiro Rômulo Neves, o coletivo participou de uma reunião em sua residência na capital moçambicana, no dia 13. Na ocasião, estiveram diversas pessoas da cena cultural e artística locais, como a poeta Lorna Telma Zita, e o estilista King Levi Daper, numa pré-apresentação das atividades que foram desenvolvidas na programação da Feira do Livro de Maputo.

No dia 16, Manoela e Uran realizaram uma palestra no Instituto Superior de Comunicação e Imagem de Moçambique para partilhar com estudantes experiências sobre produção e articulação sociocultural. “Para nós, foi importante eles terem vindo para cá para trazer uma noção de que muitas vezes ignoramos, para recordamos quem somos e projetarmos um futuro melhor”, comenta Raimundo Manuel, chefe do setor de comunicação e marketing da Instituição.

A primeira atividade no Instituto Guimarães Rosa – IGR foi no mesmo dia, onde Lucas e Manoela dividiram a mesa sobre ‘O legado dos festivais literários’ ao lado dos curadores Féling Capela (Festival Poetas D’alma) e Cristina Manguele (Festa Literária da Ilha de Inhaca). Já no dia seguinte (17), Manoela lançou o seu livro ‘Confissões de Viajante Sem Grana’, no sarau poético realizado por Lucas e a poeta moçambicana Énia Lipanga, culminando com a discotecagem de Uran na Festa O Pente.

Na quarta (18), o Coletivo atravessou as fronteiras até a Universidade Wits, na África do Sul, para participar do lançamento de ‘Where We Stands’, livro de Djamila Ribeiro. Na atividade, realizada em ação conjunta com o IGR Pretoria, Manoela fez um discurso ressaltando a prática de festas literárias como fortalecedoras para comunidades, considerando a leitura como um processo libertador, em alusão ao livro de Djamila, encerrando assim a agenda do Coletivo.
“Foi uma experiência enriquecedora e paradigmática”, ressalta Manoela, proponente do projeto
‘Escrita Viajante e as Diversidades Culturais Diaspóricas’. “Estamos organizando um encontro para compartilhar as nossas experiências em África, e já entusiasmados para realizar mais uma edição da Festa Literária de Boipeba neste ano, depois de colocá-la no panorama internacional de eventos literários”, explica a idealizadora do evento.
O projeto contou com o apoio financeiro do Governo da Bahia, por meio do Fundo de Cultura e da Secretaria de Cultura (Secult-BA), além do apoio internacional da plataforma Flotar, Fundo Cicla, Instituto Guimarães Rosa, Embaixada do Brasil e da própria Feira do Livro de Maputo 2025, que tem curadoria de Juci Reis.