Projeto de resgatar “A Magia do Brincar” reafirma compromisso com a infância em tempos de tecnologia

Em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia e pelo consumo de brinquedos prontos e eletrônicos, as crianças, que naturalmente brincam, estão perdendo uma habilidade essencial: a capacidade de criar, imaginar e experimentar o mundo por meio do brincar livre. Essa é uma perda significativa, pois é na brincadeira que a infância se constitui em toda a sua potência — motora, afetiva, cognitiva e cultural. Diante desse contexto, surge o projeto “A Magia do Brincar”, desenvolvido pela Tempo de Criança, com alunos do Grupo 4, da Educação Infantil.

“Antigamente, as crianças criavam seus brinquedos com o que encontravam à sua volta — gravetos, folhas, arame, pedrinhas. Era nesse processo que a imaginação florescia e a criatividade se tornava uma ferramenta natural de desenvolvimento. Hoje, no entanto, diante do avanço tecnológico e do apelo dos brinquedos industrializados e eletrônicos, essa oportunidade de criação está sendo substituída por soluções prontas, que pouco desafiam a inventividade infantil. Por isso, mais do que um projeto pedagógico, “A Magia do Brincar” é um movimento de resistência e celebração da infância. Ele propõe devolver às crianças o direito de brincar de forma livre e criativa, ao mesmo tempo, em que fortalece os laços entre escola, família e comunidade, resgatando memórias coletivas e saberes ancestrais”, explica a Prof.ª Larissa Machado, diretora da Escola Tempo de Criança.

O projeto nasce da urgência de resgatar e valorizar essas práticas culturais que estão sendo abandonadas. No Nordeste do Brasil, as brincadeiras tradicionais — como amarelinha, cabra-cega, pião e pula corda — não são apenas passatempos: são expressões vivas da história, dos valores e da identidade cultural do povo. São nesses gestos simples que as crianças elaboram hipóteses, exploram o mundo, estabelecem relações e descobrem a si mesmas.

“Além de promover vivências significativas e prazerosas, essa proposta convida a sociedade a refletir sobre a infância que queremos construir: uma infância conectada com a tecnologia, sim, mas sem perder a conexão com a cultura, com o corpo, com a imaginação e com o outro. Porque, no fim das contas, é pela magia do brincar que a criança se torna sujeito no mundo”, finaliza Larissa.