QUASEILHAS em cartaz no Mercado Iaô até 04 de maio

QUASEILHAS em cartaz no Mercado Iaô até 04 de maio

Fotos Taylla de Paula

Serviço

O quê: QUASEILHAS – obra cênica de Diego Pinheiro
Quando: 24 de abril a 04 de maio – quarta, às 20h, e quinta a sábado, às 19h
Onde: Mercado IAÔ – Praça General Osório, 33, Final de Linha da Ribeira – Ribeira
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) – Bilheteria do Evento ou pelo link www.sympla.com.br/giroplanejamento

Primeira obra cênica brasileira integralmente em Yorùbá (literatura oral dos povos yorùbá), a obra QUASEIILHAS, com concepção, direção e oríkì’s de Diego Pinheiro (A Bunda de Simone, Oroboro e Arbítrio) continua em cartaz no Mercado Iaô, no bairro da Ribeira, até 04 de maio – quarta, às 20h, e quinta a sábado, às 19h

Criar nos vazios da memória afrodiaspórica. Essas memórias, que parecem isoladas em uma ilha, estão conectadas por algo invisível. Os Oríkì’s escritos por Diego Pinheiro são uma tentativa de conexão, uma linha de acesso a esses vazios, por meio dos sentidos, das vibrações melódicas existentes neles, por mais que sejam cantadas em outra língua.

“O oríkì é uma espécie de identidade em literatura oral que conta a história de um povo, um acontecimento, uma comunidade, uma pessoa, um ancestral, uma família, etc”, explica Diego Pinheiro. O ponto de partida para composição são as memórias familiares do autor vividas em Alagados de Itapagipe, península soteropolitana do povo Ijexá.

Estas memórias familiares também foram conexão e ferramenta de performatividade dos alárìnjó’s Laís Machado, Diego Alcantara e Nefertiti Altan. O termo alárìnjós foi adotado na intenção de criar um amálgama performativo, e não-ocidental, entre o ator, dançarino e cantor, uma referência a teatralidade nigeriana.

As palafitas da península de Itapagipe são QUASEILHAS, as vibrações melódicas das memórias de Diego Pinheiro, mas as geografias/memórias dos alárìnjó’s também estão nos espaços de performance. É uma produção circular de signos. Não é um jogo simbólico onde o público entende o que se é a coisa, a narrativa, a personagem.

A circulação dos Alárìnjós – o corpo, a voz e as águas – fabrica o espaço. Espaço este que ultrapassa a fisicalidade da instalação cenográfica inspirada nas próprias casas em que o autor, Diego Pinheiro, viveu em Alagados de Itapagipe: barracos de estroncas, madeirites e telhas de eternit. Palafitas da comunidade entre os anos 50 e 90.

São três os espaços de ação: Camamu-BA, Quebra Machado-BA e Pantaleon (Guatemala). Cada alárìnjó ocupa um e circulam entre os três, num eterno movimento do despertar das memórias. O público escolhe um a cada sessão. A instalação cenográfica tem concepção de Diego Pinheiro e do cenógrafo Erick Saboya.

A trilha sonora original é composta por Diego Pinheiro (letras dos oríkì), temas melódicos criados pelas alárìnjó e arranjos e harmonização são do maestro Ubiratan Marques, com texturas eletrônicas de André Oliveira (Ubiratan e André também assumem a direção musical). Nesta segunda temporada a trilha é executada ao vivo por Sanara Rocha, Mayale Pitanga e Nai Sena.

O figurino, maquiagem e cabelos são assinados pela artista Tina Melo. A concepção de luz é de Luiz Guimarães e a concepção videográfica é de Nina La Croix, com execução ao vivo feita pela videomaker Ani Haze.

QUASEILHAS são águas paradas, dispostas e disponíveis para invenção e recriação de conexões. É água da memória. “Esse mergulho é um convite que o público aceita ou não”, finaliza Laís Machado.

A obra é uma realização da Plataforma Araká, rede de conexão para a arte negra contemporânea criada por Diego Pinheiro e Laís Machado. Esta temporada é a segunda da obra e conta com o financiamento do edital Gregórios 2018, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador.